terça-feira, 17 de maio de 2011

A FOME DA CORUJA

A Fome da Coruja

Coruja, essa ave strigiforme
 É meia-noite e ela vem me assolar
 A ave está com fome
 Sente cheiro de idéia no ar

 Levanto e peço inspiração
 Ela gira a cabeça em rotação
 Como dissesse:
 - Tem inspiração
 Em tudo quanto é direção

 - Agora não coruja!
 Não pie para eu não morrer
 Espera que a inspiração já vem
 Já já você vai comer

Escrevi a punho e tinta
Com bico de pena de coruja
A luz não estava ausente
Era o reflexo do Sol na Lua

- Terminei, aqui está coruja
 Obra de minha sabedoria
 Agora engula tudo por inteiro
 E vai-te embora toda via

 Ela voou sem fazer euforia
 No meio da meia-noite fria
 Ainda dizendo em minha mente
Não tem hora para sabedoria

Dourado O'haress Júnior

Comentário Pessoal: Escrevi esse texto por volta da 00:15 até 00:50 quando me sobreveio uma idéia de brincar com os textos do Edgar Allan Poe sobre o Corvo que aparece Meia-Noite e o Morcego de Augusto dos Anjos que também aparece meia-noite. Incrivelmente era meia-noite então decidi escrever. (Risos)
 Meu texto fala sobre a coruja com fome de sabedoria, pois ele representa a sabedoria em muitas culturas. Nisso ela vem me assombrar a noite, até que eu sacie a fome dela. Então levanto escrevo esse texto e dou de comer a ela.

 Depois de saciada ela vai embora, mostrando que de fato não existe hora para sabedoria, para a criatividade, quando a idéia chega na nossa cabeça, ela fica martelando até a gente colocar ela para fora, não é assim que acontece? Pois idéia sem ação é idéia morta.
 Enfim, a coruja dentro de mim clamava por esse texto a meia-noite, um texto divertido que assemelha-se aos textos de Edgar e Augusto, que falam de aves e a meia-noite, ambos são muito simbolistas quando falam a respeito dessas aves, e o que se entende é que as aves sempre estiveram na mente deles, assim como no meu texto.
 Outra coisa interessante é a interação com a ave, no texto do Augusto é a conciência que pesa, ele ataca o morcego, no do Edgar ele conversa com o corvo, faz perguntas as quais o corvo responde categoricamente: "Nunca mais".
 Já no meu texto da coruja ela vem me perturbar para por uma idéia para fora e fica me assombrando até eu fazer a vontade dela que é ver minha idéia em ação, esse é seu alimento. Ela gira a cabeça em uma linguagem não verbal, que eu mesmo como personagem do texto entendo ser um sinal de que há inspiração em todo lado e ainda falo para ela ficar quieta e não piar para eu não morrer, dou de comer para ela e mando ela ir embora todavia para eu dormir em paz, porque se eu digo que levantei no texto, da para pressupor que eu estava sentado ou deitado, que é o mais provável na meia-noite

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