A Fome da Coruja
Coruja, essa ave strigiforme
É meia-noite e ela vem me assolar
A ave está com fome
Sente cheiro de idéia no ar
Levanto e peço inspiração
Ela gira a cabeça em rotação
Como dissesse:
- Tem inspiração
Em tudo quanto é direção
- Agora não coruja!
Não pie para eu não morrer
Espera que a inspiração já vem
Já já você vai comer
Escrevi a punho e tinta
Com bico de pena de coruja
A luz não estava ausente
Era o reflexo do Sol na Lua
- Terminei, aqui está coruja
Obra de minha sabedoria
Agora engula tudo por inteiro
E vai-te embora toda via
Ela voou sem fazer euforia
No meio da meia-noite fria
Ainda dizendo em minha mente
Não tem hora para sabedoria
Dourado O'haress Júnior
Comentário Pessoal: Escrevi esse texto por volta da 00:15 até 00:50 quando me sobreveio uma idéia de brincar com os textos do Edgar Allan Poe sobre o Corvo que aparece Meia-Noite e o Morcego de Augusto dos Anjos que também aparece meia-noite. Incrivelmente era meia-noite então decidi escrever. (Risos)
Meu texto fala sobre a coruja com fome de sabedoria, pois ele representa a sabedoria em muitas culturas. Nisso ela vem me assombrar a noite, até que eu sacie a fome dela. Então levanto escrevo esse texto e dou de comer a ela.
Depois de saciada ela vai embora, mostrando que de fato não existe hora para sabedoria, para a criatividade, quando a idéia chega na nossa cabeça, ela fica martelando até a gente colocar ela para fora, não é assim que acontece? Pois idéia sem ação é idéia morta.
Enfim, a coruja dentro de mim clamava por esse texto a meia-noite, um texto divertido que assemelha-se aos textos de Edgar e Augusto, que falam de aves e a meia-noite, ambos são muito simbolistas quando falam a respeito dessas aves, e o que se entende é que as aves sempre estiveram na mente deles, assim como no meu texto.
Outra coisa interessante é a interação com a ave, no texto do Augusto é a conciência que pesa, ele ataca o morcego, no do Edgar ele conversa com o corvo, faz perguntas as quais o corvo responde categoricamente: "Nunca mais".
Já no meu texto da coruja ela vem me perturbar para por uma idéia para fora e fica me assombrando até eu fazer a vontade dela que é ver minha idéia em ação, esse é seu alimento. Ela gira a cabeça em uma linguagem não verbal, que eu mesmo como personagem do texto entendo ser um sinal de que há inspiração em todo lado e ainda falo para ela ficar quieta e não piar para eu não morrer, dou de comer para ela e mando ela ir embora todavia para eu dormir em paz, porque se eu digo que levantei no texto, da para pressupor que eu estava sentado ou deitado, que é o mais provável na meia-noite
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